Copa do Mundo na África do Sul

Em junho de 2010 começa a Copa do Mundo na África do Sul. Aproveite o maior evento de futebol do planeta para tratar não apenas do esporte, uma das grandes paixões brasileiras, mas também das nossas raízes culturais africanas e do respeito à diversidade.
As salas do INF.V A e B ambas da professora Rosana, deram inicio nessa semana ao projeto "Copa do Mundo - União dos Povos" com o intuito de conhecer mais sobre o futebol em geral e especificamente da cultura africana, aprofundando seus conhecimentos no país sede da Copa desse ano 2010, "África do Sul".
ABAIXO ESTÃO OS PAÍSES CLASSIFICADOS E PARTICIPANTES DA COPA DO MUNDO 2010

LINK PARA O SITE DA CBF (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL)
http://www.cbf.com.br/php/home.php?e=0
Arte
Edição Especial | Abril 2007Gingado que vem da África
Queixadas, meias-luas, armadas... Adolescentes baianos aprendem os movimentos da luta trazida para o Brasil e ampliam seu repertório cultural
PAULO ARAÚJO (novaescola@atleitor.com.br)

Movimentos da capoeira: espírito coletivo da dança é
preservado. Foto: Valter Pontes
preservado. Foto: Valter Pontes
Desafiada a reverter a situação, Thais pesquisou, retomou textos que já havia lido, procurou outros atualizados e avaliou que um projeto que explorasse características artísticas aliadas ao trabalho de expressão corporal teria chance de despertar o interesse da turma. Ela estava certa. Durante oito meses, armadas, meia-luas, rasteiras e queixadas começaram a conviver com os passos do axé e do pagode veiculados pela mídia e acabaram por conquistar os jovens.
A professora convidou um mestre para ensinar a garotada sobre essa dança africana e assim garantiu a profundidade do projeto. Um grupo de capoeiristas freqüentou a escola por três meses, levando instrumentos musicais e organizando pequenas rodas para os alunos perceberem a beleza do jogo. Depois dessa imersão cultural, foi mais fácil dar continuidade ao projeto e ir além, propondo na Alfredo Magalhães outros ritmos musicais e dançantes de origem africana. P.A.
Sequência de atividades
1. PREPARAÇÃO CORPORAL
Durante a dança, músculos do abdômen, do quadril e da perna trabalham muito. Por isso, é importante dar à garotada noções de anatomia em um contexto significativo. Outra estratégia é explorar o que a turma já conhece, o que gosta e o que faz parte de seu cotidiano. Na Alfredo Magalhães, os alunos eram feras em dança, especialmente axé, pagode e samba-rock. Thais pedia a voluntários que demonstrassem os passos desses ritmos. Depois, lembrava que a maioria tinha origem em danças africanas. A relação cultural apareceu e se tornou fundamental para acompanhar as primeiras rodas conduzidas pelo mestre capoeirista.
2. AS CARACTERÍSTICAS DA DANÇA
Dança, luta ou jogo? É preciso conhecer a origem e a natureza da capoeira para melhor apreciá-la. Thais levou os alunos para a biblioteca para pesquisar de que forma milhões de africanos foram deslocados para várias capitais brasileiras, principalmente Salvador, durante a escravidão. Eles leram que em diversos locais de origem dos negros – e nos quilombos – a capoeira era usada como defesa. Com o passar do tempo, ela ganhou as ruas e evoluiu para uma dança que tem o principal elemento de um jogo: o desafio. A garotada também entendeu que a capoeira preserva o espírito da dança coletiva. Para que aconteça, são necessárias pelo menos duas pessoas com passos combinados. Na rodas, os capoeiristas ensinaram à turma movimentos como ginga, armada, meia-lua, cabeçada, rasteira e queixada.
3. DESDOBRAMENTOS
O aprendizado acontece quando os alunos se apropriam da manifestação cultural e ela passa a ser espontânea. Thais percebeu que os jovens já estavam envolvidos com a capoeira e tinham prazer em praticá-la – as rodas se formavam pelo menos duas vezes por semana, a pedido deles. Ela passou então a uma nova etapa do projeto e sugeriu aos que já jogavam fazer demonstrações para colegas de outras séries e propôs um trabalho com o samba-de-roda (avô do pagode, veja só!) e o maculelê. Rapidamente a turma incorporou as novas modalidades ao repertório.
Outras propostas
AS DANÇAS DO PAÍS
AS DANÇAS DO PAÍS

Assim como é possível ensinar capoeira na Bahia e em outras partes do Brasil, uma variedade imensa de danças pode ser pesquisada e praticada com o auxílio do professor, de profissionais ou de pessoas da comunidade. Mais importante do que reproduzir simplesmente a manifestação típica de determinado local, o ideal é incentivar os estudantes a dar uma cara própria a ela. Essa é a dinâmica própria da cultura. Por exemplo: é impossível ver imagens de uma quadrilha junina em Caruaru (PE) e reproduzi-la na escola, pois essa dança tem características diferentes em cada região e muda com o passar dos anos. A pesquisa deve ser concluída com textos, fotos e vídeos das apresentações dos alunos. Os registros servem de material de consulta para outros estudiosos.
CONSULTORIA: ANA CATARINA VIEIRA E ÂNGELO MADUREIRA, DA ESCOLA BRASÍLICA MÚSICA E DANÇA, EM SÃO PAULO
PARA ESTICAR O ESQUELETO
Escolha uma boa trilha sonora, coloque a música para tocar e sente as crianças em círculo. Peça que elas se espreguicem e estiquem o corpo para frente e para trás. Para trabalhar a musculatura facial, todos devem fazer caretas. Ensine a turma a balançar as pernas como um bebê esperneando. Explique que assim são ativadas as articulações, ou seja, o local onde os ossos se encontram. Hora de alongar e curvar a coluna e de imitar borboletas – sentada no chão e com os pés unidos, a criança dobra as pernas, fazendo movimentos para cima e para baixo. Outros bons exercícios: ficar em pé segurando nos calcanhares, se apoiar nos ísquios e nos calcanhares e dessa forma se mover até o centro da roda e massagear o próprio corpo e o do colega. Um bom alongamento dura em torno de dez minutos.
CONSULTORIA: CARMEN OROFINO, DA ESCOLA VIVA, EM SÃO PAULO
MÚSICA
Pesquisa com ritmos africanos
Dançar, batucar e cantar são formas de manifestação que fascinam desde que o homem é homem. Ao longo de pelo menos 130 mil anos da trajetória humana no planeta, combinações de gestos, ritmos e sons foram capazes de exprimir, a um só tempo, costumes, tradições e visões de mundo de incontáveis povos e grupos sociais. Em poucas palavras, tanto a música como a dança transmitem cultura. É papel do professor mostrar essa ligação - sem deixar de lado, claro, o aspecto lúdico que só não encanta "quem é ruim da cabeça ou doente do pé", como diz o histórico Samba de Minha Terra, de Dorival Caymmi.
As crianças, você sabe, encontram na brincadeira uma poderosa ferramenta de experimentação e conhecimento. Em geral, adoram música e dança. Era assim com os pequenos da pré-escola do CEI Santa Escolástica, na capital paulista. Atenta a essa empolgação, a professora Luciana do Nascimento Santos fez o óbvio: pôs a meninada para tocar, cantar e dançar. Mas foi além. Primeiro, estabeleceu um foco para sua atuação, explorando influências da cultura africana com o aprendizado de instrumentos como agogô, caxixi e alfaia e de danças como jongo, maracatu e coco. Em segundo lugar, encarou essas práticas como meios de pesquisa cultural, conduzindo a turma na descoberta da história da África e suas ligações com o Brasil.
O resultado desse trabalho rendeu à professora o troféu de Educadora Nota 10 do Prêmio Victor Civita de 2008 (leia o quadro abaixo). "O que me entusiasmou foi o fato de os pequenos terem aprendido muito sobre a África ao fim do projeto", afirma Karina Rizek, coordenadora de projetos da Escola de Educadores, em São Paulo, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. "Além disso, Luciana colheu os frutos de ter apostado na capacidade artística da meninada. Nunca vi crianças daquela idade dançando e tocando tão bem."

CONSULTORIA: ANA CATARINA VIEIRA E ÂNGELO MADUREIRA, DA ESCOLA BRASÍLICA MÚSICA E DANÇA, EM SÃO PAULO
PARA ESTICAR O ESQUELETO
Escolha uma boa trilha sonora, coloque a música para tocar e sente as crianças em círculo. Peça que elas se espreguicem e estiquem o corpo para frente e para trás. Para trabalhar a musculatura facial, todos devem fazer caretas. Ensine a turma a balançar as pernas como um bebê esperneando. Explique que assim são ativadas as articulações, ou seja, o local onde os ossos se encontram. Hora de alongar e curvar a coluna e de imitar borboletas – sentada no chão e com os pés unidos, a criança dobra as pernas, fazendo movimentos para cima e para baixo. Outros bons exercícios: ficar em pé segurando nos calcanhares, se apoiar nos ísquios e nos calcanhares e dessa forma se mover até o centro da roda e massagear o próprio corpo e o do colega. Um bom alongamento dura em torno de dez minutos.
CONSULTORIA: CARMEN OROFINO, DA ESCOLA VIVA, EM SÃO PAULO
MÚSICA
Pesquisa com ritmos africanos
Explorando a habilidade dos pequenos para tocar instrumentos e dançar, leve-os a descobrir como as manifestações artísticas expressam a cultura
Ana Rita Martins (ana.martins@abril.com.br)

GINGA AFRICANA Dançando o coco, a turma
da CEI Santa Escolástica vivencia os sons
afro-brasileiros. Fotos: Marcelo Min
da CEI Santa Escolástica vivencia os sons
afro-brasileiros. Fotos: Marcelo Min
As crianças, você sabe, encontram na brincadeira uma poderosa ferramenta de experimentação e conhecimento. Em geral, adoram música e dança. Era assim com os pequenos da pré-escola do CEI Santa Escolástica, na capital paulista. Atenta a essa empolgação, a professora Luciana do Nascimento Santos fez o óbvio: pôs a meninada para tocar, cantar e dançar. Mas foi além. Primeiro, estabeleceu um foco para sua atuação, explorando influências da cultura africana com o aprendizado de instrumentos como agogô, caxixi e alfaia e de danças como jongo, maracatu e coco. Em segundo lugar, encarou essas práticas como meios de pesquisa cultural, conduzindo a turma na descoberta da história da África e suas ligações com o Brasil.
O resultado desse trabalho rendeu à professora o troféu de Educadora Nota 10 do Prêmio Victor Civita de 2008 (leia o quadro abaixo). "O que me entusiasmou foi o fato de os pequenos terem aprendido muito sobre a África ao fim do projeto", afirma Karina Rizek, coordenadora de projetos da Escola de Educadores, em São Paulo, e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. "Além disso, Luciana colheu os frutos de ter apostado na capacidade artística da meninada. Nunca vi crianças daquela idade dançando e tocando tão bem."
Construindo a ponte Brasil-África

RAÍZES CULTURAIS Para ampliar o conhecimento sobre a África, Luciana recorreu à leitura de contos locais
Quando pequena, a professora paulistana Luciana do Nascimento Santos ouvia, maravilhada, o pai tocar sanfona. O amor pela música cresceu junto com a menina. Hoje, aos 26 anos, trabalhando com os pequenos na Educação Infantil há nove, transforma os sons em aprendizagem. Em seu projeto na CEI Santa Escolástica, na favela de Paraisópolis, na capital paulista, as crianças passaram a tocar caxixi, agogô, alfaia e pandeiro e a dançar coco, maracatu e jongo. Tudo aliado a uma extensa pesquisa sobre as relações entre Brasil e África, diferencial que rendeu elogios da equipe selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.
Objetivos Trabalhando durante seis meses com crianças de 5 e 6 anos, Luciana levou-as a reconhecer a influência cultural africana na cultura brasileira. Ao investigar e aprender manifestações culturais - especialmente a dança e a música -, elas aumentaram seu repertório e passaram a valorizar essas contribuições.
O passo-a-passo A sequência didática de ampliação cultural é de tirar o fôlego: incluiu o uso do globo terrestre (para localizar o Brasil, a África e a distância geográfica que os separa), a leitura de reportagens, textos e de um dicionário de palavras africanas, rodas de conversa e de contos africanos, visita de especialistas, idas ao museu e a confecção de um painel fotográfico com as informações aprendidas. Para ensinar música, Luciana ofereceu inicialmente instrumentos caseiros feitos com embalagens descartáveis e sucata. Assim que os pequenos perceberam os sons e aprenderam a usar cuidadosamente os objetos, eles puderam explorar os instrumentos profissionais. Depois que cada um escolheu o seu, a professora sugeriu que todos acompanhassem músicas gravadas para aprimorar o ritmo e a visão de conjunto. No caso da dança, as marcações serviram de base para o ensino dos passos, apoiado posteriormente em DVDs específicos.
Avaliação
A professora analisou a evolução da compreensão nas situações de leitura de imagens e de contos africanos. A avaliação do trabalho de ampliação cultural atentou para a evolução da capacidade das crianças em pesquisar - escolhendo fontes, coletando material e sintetizando-o. No caso da música e da dança, Luciana privilegiou não apenas o conhecimento específico mas também o trabalho em grupo, sem se preocupar se estavam todos tocando ou dançando bem. "Tocar e dançar são atividades lúdicas por natureza. Não se pode perder isso de vista, principalmente na Educação Infantil", explica.